O colecionador de corpos
Meu nome é Orion Turunem. Sou um advogado criminalista. O caso que vou relatar comprova como disse alguém, que a verdade, muitas vezes, é mais absurda que a ficção.
Era dezembro de 92, estávamos na sede de Sarajevo, quando recebemos um chamado urgente. Foi encontrado Arucard Hellsing, 32 anos, homossexual, abusando sexualmente de um homem morto, já em estado de decomposição.
O cara foi preso, claro, mas recusava a confessar qualquer coisa, permanecia inabalável. Até que por vontade própria começou a contar sua história: mãe bêbada, pai preso por latrocínio, irmã drogada e prostituta, perfeito caso de família disfuncional. Havia fugido aos treze anos, após um dos clientes da sua irmã molestá-lo sexualmente com uma barra de ferro e uma garrafa de vodka. Depois de ter nos dado todo o seu comovente histórico familiar, continuava evasivo a perguntas sobre o cadáver.
Ele ficou preso durante dois dias, até que, finalmente, teve coragem, ou melhor, vontade de contar quem era o indigente e porque estava tendo relações sexuais com o corpo desalmado.
- Não o chamem de indigente! – proclamava – Ele possui um nome, Rosevelt Homero, estudante de advocacia, meu primeiro e único amor. Nos encontrávamos todos os dias depois de suas aulas, até que ele conheceu a vadia da Sayuri Sakamoto, ela o roubou de mim. Eu tive que fazer a coisa mais prudente que pude pensar, consumi com a vaca dando-lhe um tiro entre os olhos. Finalmente retornei a persegui-lo com minhas juras de amor, mas infelizmente fui ignorado, por fim o sequestrei. Depois de algumas semanas meu amado morreu de um misto de tristeza e fome, mas eu não podia me livrar de tão tenro corpo, cujas feições ficaram cravadas em meu peito.
Quando o senhor Hellsing terminou o seu depoimento, um enorme sentimento de repulsa borbulhou em minhas veias. O rosto daquele demente pareceu se transformar perante os meus olhos, em algo obscuro, com feições que se assemelhavam a junção de um bode com um morcego, era algo amedrontador, uma criatura que povoaria meus sonhos por anos.
Não aguentei, tive que atirar nas suas fuças, o pervertido nem teve tempo de pensar. O julgamento que ele teria provavelmente o sentenciaria a prisão perpétua, como eu. Mas apesar dos constantes assédios, da total falta de higiene e da comida muitas vezes estragada, eu não me arrependo de ter descarregado o cartucho da minha 9mm na cabeça do desgraçado mesmo que isso tenha custado a minha liberdade.
J. Augusto
Alianças se formam na hora de escrever sobre a morte :D
ResponderExcluirUm brinde às boas parcerias literárias !
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