Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa (Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), 24 de novembro de 1861 — Estação do Sítio, 19 de março de 1898) foi um poeta brasileiro.
Alcunhado Dante Negro e Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil.
Filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa do Marechal, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro,Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto,a poesia Broquéis, dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose.
Faleceu a 19 de março de 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, num povoado chamado Estação do Sítio, para onde fora transportado às pressas vencido pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier por seus amigos, onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.
Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número 15.
Mesmo tendo sido filho de escravos e recebido a alcunha de "Cisne Negro", o poeta não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista, e foi acusado de ter-se omitido quanto às questões referentes à condição negra. Apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do Simbolismo, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo. Cruz e Sousa militou, sim, contra a escravidão. Tanto da forma mais corriqueira, fundando jornais e proferindo palestras por exemplo, participando, curiosamente, da campanha antiescravagista promovida pela sociedade carnavalesca Diabo a quatro, quanto nos seus textos abolicionistas, demonstrando desgosto com a condução do movimento pela família imperial.
Quando Cruz e Sousa se refere à “brancura”, é importante recorrer ao diversos significados da palavra, além da cor em si.
Obra:
Seus poemas são marcados por musicalidade (uso constante de aliterações), individualismo, sensualismo, às vezes por desespero, às vezes por apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. Encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, sempre presentes em seus versos.
No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo (e dentro desse, ideias budistas e espíritas) ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.
Broquéis (1893, poesía)
Missal (1893, poemas en prosa)
Tropos e Fantasias (1885, poemas en prosa, junto a Virgílio Várzea)
Obra póstuma:
Últimos Sonetos (1905)
Evocações (1898, poemas em prosa)
Faróis (1900, poesía)
Outras evocações (1961, poema em prosa)
O livro Derradeiro (1961, poesía)
Dispersos (1961, poemas em prosa)
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