sexta-feira, 2 de janeiro de 2015



Edgar Allan Poe


tradução por Aline Zouvi


Desde a infância não fui
Como os outros foram; não vi
Como os outros viram; não pude
apaixonar-me numa primavera comum.
Da mesma fonte não sorvi
Minha tristeza; não pude despertar
Meu coração à alegria no mesmo dó;
E o que amei, amei só.

Então- na minha infância, no madrugar
Da mais turva vida – fez-se retirar
De todo o bom e mal profundos
O mistério que ainda me põe sem mundo;
Da torrente, ou da fonte,
Do cume escarlate do monte,
Do sol que me entornou, rodado,
Em seu outonal tom dourado
Do raio no céu
A atravessar-me em seu véu
Do trovão e o temporal
E a nuvem corporal
(A contradizer o céu azul)
Fez-se demônio em meu vitral.



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