quinta-feira, 14 de junho de 2012

Viajantes na Tempestade

Viajantes na Tempestade


(2x)
Viajantes na tempestade

Nessa casa nascemos,
Nesse mundo fomos jogados,
Como um cachorro sem osso
Um ator sozinho,
Viajantes na tempestade

Há um assassino na estrada
seu cérebro está contorcendo-se como um sapo
Tenha um longo feriado
Deixe suas crianças brincarem

Se você der uma carona a este homem
A doce família morrerá
Assassino na estrada

(2x)
Garota você tem que amar seu homem

Pegue-o pela mão
Faça-o entender
Que o mundo em você depende
Ou a vida nunca acabará
Você tem que amar seu homem.

(2x)
Viajantes na tempestade

Nessa casa nascemos,
Nesse mundo fomos jogados,
Como um cachorro sem osso
Um ator sozinho,
Viajantes na tempestade



Riders on the Storm - The Doors


sábado, 9 de junho de 2012

Natal Sangrento

Natal Sangrento


Meu nome é Lucius Bleckwell. Sou um advogado criminalista. O caso que vou relatar comprova, como disse alguém, que a verdade é mais absurda que a ficção.
Naquela manhã ensolarada de dezembro tudo estava tranquilo e aparentemente normal, até que o guarda que fazia ronda diária no parque central durante a madrugada, apareceu pasmado na delegacia, quase sem fôlego para falar.
Depois da ocorrência, o delegado e dois de seus investigadores se dirigiram para o parque para analisar o caso. Ao se depararem com a cena horrenda, confirmaram o que o guarda havia relatado. Um crime macabro e misterioso, aparentemente sem pistas, apenas um rastro de sangue e muito mistério.
Assassinato. Estupro seguido de assassinato. Foi o resultado indicado pela autópsia. Depois do exame a família da vítima foi encontrada. A cena digna de um filme de terror deixou todos apavorados.
O assassino cuidou de quase todos os detalhes, porém, a vítima deixou uma pista salva em seu computador. Aquele menino inteligente que era a pérola da família, o filho preferido que adorava estudar e era dedicado ao trabalho, tinha segredos a esconder de todos. Não tinha muitos amigos na escola nem na vizinhança mas era muito próximo de seu amigo virtual, como comprovavam os arquivos salvos no sistema.
O relacionamento havia começado dois meses antes do crime, sem ninguém saber de absolutamente nada, é claro. Ao contrário do que os pais corujões pensavam, as noites acordado em seu quarto não eram dedicadas aos livros, mas sim à sua paixão virtual que adorava umas conversas picantes online, com o auxílio de uma câmera.
De um dia para o outro, o filho prodígio da família se tornou a vergonha, a decepção completa de todos, porém o acontecido ainda não era real, parecia um pesadelo macabro, uma tortura psicológica e emocional sem fim.
Além da descoberta do homossexualismo do filho, os pais tiveram ainda outra surpresa: o jovem era satanista. Foi isso que o possibilitou conhecer sua paixão e futuro assassino.
Os arquivos salvos mostraram que o encontro era previsto para a noite de natal, mas resolveram adiantar a tão esperada noite.
Conforme os detetives do caso avançavam nas investigações, iam descobrindo que as relações iam além do mundo virtual, e que não eram apenas amorosas, mas tinham muito a ver com o crime e seus pactos satanistas. (Nada mais picante não é mesmo?)
Quanto mais se aprofundavam no caso, mais próximos ficavam do assassino, e de detalhes que surpreendiam cada vez mais.
Os investigadores encontraram o local onde eram realizados encontros e reuniões coletivas de jovens satanistas que faziam seus pactos, se relacionavam e realizavam sacrifícios. Lugar bem escondido, mórbido, digno de filmes de horror. Muito sangue, animais mortos, muitos já em decomposição e até cadáveres humanos marcavam o local que, não por acaso, localizava-se nos fundos de um cemitério. O doce e angustiante aroma de morte caracterizava o caso desde o início.
Todo esse clima tenebroso e macabro explicava, em parte, o fato de o corpo do jovem ter sido encontrado dilacerado, com os olhos para fora das órbitas, cabeça raspada, testículos cortados, costas em carne viva, uma verdadeira cena de filme tétrico.
Apesar de todo esforço e trabalho nas investigações, nem mesmo as testemunhas do caso, não levaram a nenhum resultado. Foram várias descobertas mas nem os investigadores mais especializados não conseguiram encontrar o assassino. Era um psicopata profissional no mundo do crime.
Acompanhei este caso sem ter a mínima ideia de que seria o primeiro de muitos. O assassino a serviço de Satã ainda faz vítimas, mas é indomável e sua técnica é boa pois até hoje ninguém chegou perto de o pegar.
Um caso mais terrível que o outro, todos arquivados por falta de resultados. Estupros, assassinatos e o aroma de morte que ainda percorre o parque. Os jovens seguidores do capeta andam soltos por aí, atrás dos rostinhos mais angelicais.


DJA_Lady


Conto - DJA_Lady


Era uma garota notavelmente diferente das outras. Seu jeito de olhar, de andar, seu estilo, mostravam sua peculiaridade sinistra. Seu olhar era ameaçador, mas simultaneamente manso. Todo seu mistério me encantou e os traços daquele rosto profundo cravaram-se em minha memória.
Tentei me aproximar e conversar com ela mas era uma pessoa muito fechada e quase não falava. Foi difícil o contato mas consegui fazer com que me contasse um pouco sobre sua história.
Foi uma menina exemplar, esforçada e dedicada mas se sentia excluída e ignorada por todos. Passou pelo início de uma depressão e tentou se matar já que não sabia como acabar com sua família. Seus pais eram autoritários e grosseiros. Dizia que sua vida era uma merda e que não prestava para nada. Consideravelmente comum para uma adolescente.
Mas havia algo naquele coração de pedra que a oprimia. Algo muito misterioso e profundo que refletia naquele olhar amortalhado. Impossível saber se a amedrontava ou a confortava. Se era seu veneno ou seu elixir.
Tentei saber mais sobre sua vida, conhecer sua personalidade, mas ela se tornou evasiva e não contou mais nada. Ofereci-lhe uma bebida, mas ela recusou. Porém vi que seu olhar começou mudar aos poucos com relação a mim. Apesar daquela aparência meio mórbida, a sua voz suave e os seus olhos penetrantes estavam me seduzindo em um misto de paixão e excitação. Até que surgiu um momento oportuno e eu a beijei. Ela hesitou no início mas depois pareceu gostar. Aquela garota me surpreendia e me encantava cada vez mais. Percebi que não era muito romântica. Recuou quando tentei pegar em sua mão. Mas não deixei assim e resolvi convidá-la para sair daquela festa entediante. Ela de pronto aceitou e fomos de carro até minha casa, uma vez que meus pais estavam ausentes.
Pedi que ficasse á vontade, mas ela permaneceu em pé no meio da sala. Aproximei-me dela e a olhei fixamente. Ela fez o mesmo. Colei meu rosto no seu e senti sua respiração suave, quase imperceptível. Logo a beijei. (Ah, aquele beijo indescritível!) Logo possuímos um ao outro e fomos para a cama. Após o momento de intenso prazer, meus sentidos foram anulados e eu apaguei.
Sonhei com aquela pele aveludada, com aquele olhar profundo, com aquela voz sussurrante e me ausentei totalmente da realidade. Ao acordar, procurei por aquele anjo misterioso, porém ele não estava mais lá. Entretanto o seu cheiro permaneceu impregnado no meu corpo, na cama, no ar.
Eu sabia onde procurá-la uma vez que ela ficava todos os dias no mesmo lugar, sentada, sozinha. Todavia, desta vez ela não estava. Fiquei por lá mesmo pensando naquela garota que se acorrentou à minha alma, e percebi que havia me esquecido de perguntar seu nome. Nem ao menos sabia a sua idade, apesar de notar que não passava dos dezoito anos. Ela era com certeza, inesquecível e eu, não estava apaixonado, e sim seduzido por aquela alma.
Permaneci sentado naquele lugar por um tempo até que vi pétalas de uma rosa no chão. Uma rosa rubra, cor de sangue, despedaçada e jogada ao vento. Juntei aquelas pétalas e senti nelas, o mesmo cheiro, o mesmo aroma que tomara conta de mim naquela noite. Decidi voltar pra casa, e levar os restos da flor comigo. Nem imaginava eu a surpresa que me aguardava.
Ao ligar a tevê o pavor se apossou de mim. No momento exato entrara o plantão de notícias relatando que um guarda noturno havia encontrado uma jovem recém morta em um cemitério por volta das cinco horas da madrugada.
O guarda contou que viu uma pessoa cruzar a rua e adentrar no cemitério. Achou aquilo estranho e resolveu ir até lá para ver do que se tratava. Encontrou a menina morta sobre um túmulo, com um corte profundo no pescoço, e ao seu lado a faca usada para isso.
Aterrorizado, voltei para o meu quarto onde ainda podia sentir aquele aroma agridoce. Contudo, as lembranças se tornaram fantasmas, demônios oprimindo minha alma. Não conseguia mais ver o rosto do meu anjo negro. Ela se tornou apenas uma sombra vaga e indefinível, uma imagem retorcida e sem forma.
Atormentado, pensei em ir até o local do suicídio, e decidido, cheguei onde queria.
No lugar onde jazia o corpo da amada, algumas manchas de sangue e o cheiro da morte digno do ambiente donde escrevo agora.


DJA_Lady


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Versos - DJA_Lady


Meia - noite.
Sem sono.
Ouço vozes.
Todas falam ao mesmo tempo.
Palavra nenhuma é inteligível.
Ouço golpes de machado.
Um corpo.
É um corpo.
Sinto cheiro de sangue.
Ouço a doce risada da morte.
Amiga ou inimiga?
Falsa ou sincera?
Ela sorri sarcasticamente para mim.
E me oferece um banquete.
Mas aquela carne...
Aquele vinho...
Ainda me recordo do machado.
E as vozes.
Meus amigos.
Todos vieram para o banquete.
Mas e as chaves?
As correntes?
Há correntes em seus corpos.
Grades.
Fogo.
E o olhar ameaçadoramente amigo da morte.
Angustiante?
Não para quem não tem coração.
Gritos. Corpos. Fogo. Grades. E o machado.
Meus olhos brilham. A morte sorri para mim.


DJA_Lady